A repartição das terras entre as 12 tribos. Mapa de 1759: Terra Sancta sive Palæstina exhibens no folum Regna vetera Iuda et Israel in fuas XII Tribus diftincta... Fonte: Library of Congress historical maps.
Vários cronistas mencionaram a chegada e a contribuição dos judeus à civilização ibérica. Podemos citar Luis del Marmol Carvajal que fala da revolta dos mouros em Granada, assinalando a chegada dos judeus a essa cidade. De acordo com textos judaicos, o jesuíta Juan de Mariana, em sua obra Historia de España, refere-se a cidades que foram construidas por judeus, como Toledo (Toledot), Escalona (Asquelon), Noves (Nobe), Maqueda (Magedon/Meguido), Yepes (Jope/Jaffo). Estes nomes teriam origem hebraica. Este autor também descreve a colonização judaica na cidade de Mérida desde os tempos de Vespasiano e Tito (Faingold, 2004).
Mérida - Anfiteatro romano
Segundo fontes judaicas, a chegada dos judeus à Península Ibérica pode ser encontrada na obra de Heráclio, Pirro e Hispano. Esses autores reconheceram a antiguidade do judaismo nesta região. Fizeram também um apelo à população judaica para que contribuisse no desenvolvimento e cultura da sociedade ibérica. Também os sábios Isaac Abravanel e Salomão Ibn Verga confirmam a antiquidade dos hebreus na Ibéria. Faingold (2004) cita os comentários de Abravanel, em 1493, ao Livro dos Reis (Abdias versículo 20 e Zacarias 12:7) que trazem grande ajuda no entendimento sobre a chegada dos judeus à Península Ibérica. Abravanel, sobre o Livro dos Reis, relata que "foi o rei Pirro quem trouxe habitantes de Jerusalém pertencentes às tribos de Judá, Benjamin, Simão, Levitas e Sacerdotes, e muitos outros homens, por própria vontade...". Nesse texto, ele cita duas cidades em Castela: Lucena e Toledo. Estas localidades têm relação com lugares bíblicos, o que reforça a presença dos judeus na Península Ibérica.
Don José Amador de los Rios, em sua monumental obra publicada, pela primeira vez em 1848, História Social, Política y Religiosa de los Judíos de España y Portugal, já em sua introdução nos diz:
"Difícil será abrir a história da Península Ibérica, seja civil, seja política, seja religiosa, ora cientifica, ora literariamente considerada, sem tropeçar em cada página com algum fato ou nome memorável, relacionado à nação hebraica, há cerca de dois mil anos errante e dispersa em meio às demais nações. As crônicas dos reis, as histórias das cidades e das ordens religiosas, tanto militares, como conventuais ou monásticas, os anais das famílias, estão repletos de acontecimentos, que teve por um longo período o povo de Israel parte mais ou menos ativa e direta."
Toledo, região de Castela. Foi capital até 1561. Reproduzida de Faingold, 2004.
A presença dos judeus na Espanha pode ter um importante indício na Epístola aos romanos, de Paulo de Tarso, quando manifesta sua intensão de se deslocar até a Hispania para pregar o evangelho (Romanos 15:24-28).
Judería de Toledo
Outro indício importante é uma carta encontrada na Guenizah (recinto onde se guardam livros sacros danificados que, por lei religiosa, não podem ser destruidos), onde são mencionados que os judeus de Pumbedita, na Babilônia, se relacionam com os judeus da Espanha. Nessa carta, na época de Alexandre Magno, lê-se que "os babilônios teriam aconselhado os sábios de Jerusalém a ir para a Espanha, uma vez que ali se encontravam sábios do primeiro exílio". Isso tudo acentua a cultura e erudição rabínicas na Península Ibérica (Faingold, 2004).
Limites da judería de Toledo
Para Ibn Daud, a colonização judaica começou em Mérida, onde morava "um bordador de tapetes e especialista em trabalhos de seda chamado Baruch, estabelecido com toda sua descendência" (Faingold, 2004). Nesta cidade, havia um grupo de judeus muito antigo. Relata também que em Granada "seus habitantes eram descendentes de Judá e Benjamin, todos vindos de Jesuralém, a Cidade Santa, e não de aldeias rurais". Cidades como Lucena, Sevilha e Granada foram habitadas por judeus da alta sociedade.
Moisés ben Rabi Semtov Ibn Habib, em sua obra poética Darchei Noam (Caminhos agradáveis), assim escreveu (Faingold, 2004): "Doy fé, por los cielos y la tierra, que al encontrarme en el reino de Valencia, en la comunidad de Murviedo, me dijeron todos los que estaban congregados a la entrada de la ciudad, que alli se encontraba el sepulcro del jefe del ejército de Amasías, rey de Judá".
O cronista Luis de Lucena relata que encontrou uma inscrição numa lápide na cidade de Murviedo, descoberta em 1480, que diz o seguinte: "Este é o sepulcro de Adoniram, tesoureiro do rei Salomon, que veio para cobrar o imposto, e morreu" (Faingold, 2004). Outras inscrições se referem à chegada de nobres judeus à Península Ibérica. Uma delas é da época de Amasias, rei de Judá. Faingold (2004), relata que a mais antiga inscrição sobre a colonização judaica é uma lápide escrita em hebraico, latim e grego, na cidade de Tarragona. Foi cinzelada em mármore e possui desenhos e inscrições (foto abaixo). Estão visivelmente representados um pavão, um chifre de carneiro (shofar), um candelabro, a árvore da vida, um segundo pavão e uma inscrição em hebraico que diz: "Shalom al-Israel, aleinu ve-al-baneru", que significa "Paz sobre Israel, sobre nós e sobre nossos filhos". Este é o único sarcófago judeu encontrado na Espanha.
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