Capitania de São Vicente com as quatro vilas: S.
Vicente,
Itanhaém, Santos, São Paulo e aldeamentos indígenas sob a catequese dos padres jesuítas (1552-1597). Versão de Benedito Calixto. |
O primeiro século após o descobrimento do Brasil
caracterizou-se pelo duro período de viagens exploratórias para
reconhecimento do litoral. Após levantamento, mais ou menos preciso, de toda
a costa do Amazonas até o Rio da Prata, empreitada que se deu às custas de
muitos sacrifícios, mortes por naufrágios, ou canibalismo já que havia diversas tribos bravias costeiras, houve uma busca incessante
de conhecimentos sobre o interior da nova terra, que se mostrava promissora. Terra que se revelava também extremamente ameaçadora pela presença de tribos indígenas, algumas muito ferozes.
Em 1591, chega ao Brasil, mais exatamente a
Salvador, Bahia, o flamengo, natural de Bruges, Flandres, Cornelius Arzam (nome
aportuguesado para Cornélio de Arzão). Foi trazido junto com inúmeros outros
técnicos, mestres de obras, construtores, engenheiros, arquitetos e pedreiros
especializados, por D. Francisco de Sousa, o sétimo governador geral do Brasil.
Tais profissionais haviam sido contratados para a construção de edifícios
públicos e particulares em Salvador, técnicos de gabarito somente
encontrados na Inglaterra, França, Holanda e Flandres. Naturalmente, grande parte deles
era de origem judaica, incluindo Cornélio de Arzão, mas tudo indica que haviam
se convertido ao cristianismo, isto é, eram cristãos-novos.
O governador D. Francisco de Sousa era membro
distinguido da corte em Lisboa, tendo participado de batalhas no ultramar. Acompanhou o rei D. Sebastião em sua infausta jornada africana e foi um dos raros sobreviventes da elite portuguesa desaparecida na batalha de Alcácer-Quibir. Foi Governador-Geral do Brasil entre 1591 e 1602, em
Salvador. Posteriomente, foi nomeado capitão-geral e superintendente das capitanias do Sul,
entre 1608 e 1611, em São Vicente, quando morreu. Esta segunda função decorrera de seu grande interesse em descobrir minas de ouro e prata, já manifestado em sua administração na Bahia. Entretanto, o Nordeste não se revelara pródigo em minas e a região sudeste começava a dar indícios fartos de ser riquíssima, em seu interior. Foi nomeado pelo rei Filipe
II.
Entre 1580 e 1640 o reino de Portugal havia sido anexado ao de Espanha, em função da morte do rei D. Sebastião, em 1578, na batalha de Alcácer-Quibir, norte da África, em luta contra os mouros. A ascensão ao trono português por Fernando II, de Espanha, também se deu pela morte do sucessor e tio de D. Segastião, o cardeal D. Henrique, em 1580. D. Francisco de Sousa foi nomeado em 1590, mas somente chegou à Bahia em 1591, com poderes para prover ofícios, militares ou civis, para nomear fidalgos, distribuir hábitos da Ordem de Cristo e nomear um ouvidor-geral para São Paulo. Entre algumas atividades nas quais se destacou estiveram os combates aos corsários ingleses Thomas de Cavendish e James Lancaster. Foi um dos mais estimados governadores-gerais da história do Brasil.
Entre 1580 e 1640 o reino de Portugal havia sido anexado ao de Espanha, em função da morte do rei D. Sebastião, em 1578, na batalha de Alcácer-Quibir, norte da África, em luta contra os mouros. A ascensão ao trono português por Fernando II, de Espanha, também se deu pela morte do sucessor e tio de D. Segastião, o cardeal D. Henrique, em 1580. D. Francisco de Sousa foi nomeado em 1590, mas somente chegou à Bahia em 1591, com poderes para prover ofícios, militares ou civis, para nomear fidalgos, distribuir hábitos da Ordem de Cristo e nomear um ouvidor-geral para São Paulo. Entre algumas atividades nas quais se destacou estiveram os combates aos corsários ingleses Thomas de Cavendish e James Lancaster. Foi um dos mais estimados governadores-gerais da história do Brasil.
Em 1609, D. Francisco de Sousa, já estabelecido em São Paulo de
Piratininga, levou consigo grande parte dos técnicos vindos da Europa para a
Bahia, entre eles Cornélio de Arzão, para a construção de engenhos e edifícios
de São Paulo. Pedro Taques não cita Arzão entre os técnicos (ou
companheiros, como relata Alfredo Ellis Júnior em seu Meio Século de Bandeirismo, [1948], p. 34), mas tal fato é descrito
por diversas vezes por Francisco de Assis Carvalho Franco em Os Companheiros de D. Francisco de Sousa
(Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1929, apud Carvalho Franco, obra citada, p.
27). Silva Leme também confirma esta informação (Carvalho Franco, ibidem). Segundo
Taunay, um desses companheiros, citado como “mineiro”, é Cornélio de Arzão (apud Pedro Calmon, História do Brasil, Vol. II, Rio de Janeiro, José Olympio Editora,
1959, p. 429).
Cornélio foi muito bem sucedido em sua missão, com salário elevado
para os colonos da época, duzentos cruzados por ano. Casou-se com uma das moças
de uma das mais respeitadas famílias de São Paulo, a filha do sevilhano Martim
Rodrigues Tenório de Aguilar, D. Elvira Rodrigues. Só esse fato já é o
suficiente para se acreditar que Cornélio havia se convertido ao cristianismo,
isto é, tornara-se um cristão-novo, já que os casamentos eram realizados por
padres seculares ou jesuítas, tudo dentro do rito cristão. Além do que, entre
os judeus que mantêm o seu culto, os casamentos são realizados após um dos
noivos, não-judeu, haver se convertido ao judaísmo e a cerimônia se realizar
dentro do rito judaico.
Quanto à origem judaica de Cornélio de Arzão, encontramos fortes indícios
de sua veracidade em afirmações dos grandes historiadores: João Lúcio d’Azevedo
(de Portugal), Pedro Calmon, Roberto Cochrane Simonsen e Alfredo Éllis Júnior
(do Brasil). Este último, em seu clássico Meio
Século de Bandeirismo (São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1948), em nota à
p. 37, nos informa:
“O ato inacreditável do rei Dom Manuel, em 24 de Dezembro de 1495,
eliminando do reino uma fração importante de seu capital material, intelectual
e demográfico, levou a gente de Israel, os renomeados sefardin, a espalhar-se
pela Europa. Mas, eles concentraram-se, de preferência, nos Países Baixos,
fazendo com que aumentasse o ativo material, intelectual e demográfico dessa
região da Europa. Isso deveria tomar imenso impulso na segunda metade do
quinhentismo, justamente quando deveria estar produzindo consequências o impensado
ato de Dom Manuel, que, nesse ponto, foi menos afortunado. (João Lúcio d’Azevedo,
“História dos Cristãos Novos”; Simonsen: “História Econômica do Brasil, Cia. Editora
Nacional, Série Brasiliana). Assim sendo, deveriam existir nos Países Baixos, os
vestígios dessa gente luso-israelita, que a cegueira fanatizada de Dona Isabel
de Castela induziu Dom Manuel a eliminar do seu reino feliz. Quem nos assegura
que, em pleno século XVII, estava a Holanda cheia desse elemento, é Pedro
Calmon, no seu “História da Civilização Brasileira”, série Brasiliana,
Companhia Editora Nacional, no XIV, p. 62).”
Em 1610, Cornélio de Arzão construiu o edifício da matriz
da vila de São Paulo, em sua primitiva versão já que, três séculos depois, reformada e modificada, tornar-se-ia a Catedral da Sé. Logo, tornou-se um
homem rico, possuidor de engenhos de açúcar e de moagem de trigo, bem no centro
de São Paulo, como no vale do Anhangabaú. São Paulo era já uma região valorizada, em que
pese ser a vila ainda muito jovem, com apenas pouco mais de cinquenta
anos de fundação. Dado seu espírito dinâmico e de forte empreendedorismo, Arzão tornou-se
um homem influente e respeitado na cidade, um homem de bem.
Teria sido assim até sua velhice e morte, não fosse o despeito pelo sucesso, a cobiça pelo bem alheio, o ódio religioso e a intolerância, introduzidos na vila desde seu início. Isso é bem documentado por Manuel Eufrásio de Azevedo Marques no seu antológico Apontamentos históricos, geográficos, biográficos, estatísticos e noticiosos da Província de São Paulo: seguidos da cronologia dos acontecimentos mais notáveis desde a fundação da Capitania de São Vicente até o ano de 1876 (Volume I, pp. 205-206).
Sobre Cornélio de Arzão transcrevemos Azevedo Marques:
Teria sido assim até sua velhice e morte, não fosse o despeito pelo sucesso, a cobiça pelo bem alheio, o ódio religioso e a intolerância, introduzidos na vila desde seu início. Isso é bem documentado por Manuel Eufrásio de Azevedo Marques no seu antológico Apontamentos históricos, geográficos, biográficos, estatísticos e noticiosos da Província de São Paulo: seguidos da cronologia dos acontecimentos mais notáveis desde a fundação da Capitania de São Vicente até o ano de 1876 (Volume I, pp. 205-206).
Velha Matriz da Sé, em foto de 1860. In: Menezes, Raimundo. Aconteceu no Velho São Paulo. São Paulo. Coleção Saraiva, 1954. |
Sobre Cornélio de Arzão transcrevemos Azevedo Marques:
"Natural de Flandres, nobre povoador de São Vicente,
onde casou com D. Elvira Rodrigues, passando depois para São Paulo. Homem
estimado e considerado, dispondo de recursos, a ele foi encarregado em 1610 a
reedificação da matriz da vila de São Paulo pelos oficiais da câmara que então
eram Matias de Oliveira, Belchior da Costa, Manuel da Costa do Pires e outros
que nesse mesmo ano haviam para este fim derramado uma finta sobre os
moradores.
Anos depois, em 1618, Cornélio de Arzão teve a
infelicidade de incorrer no desagrado dos padres da companhia de Jesus, pelo
que foi excomungado, e como consequência sofreu prisão por muitos anos e
sequestro de seus bens, que foram arrematados no ano de 1620 em praça pública,
sendo juiz da execução Custódio de Paiva e escrivão Simão Borges Cerqueira,
como tudo consta do respectivo processo, que tivemos entre mãos.
Passada a perseguição, e já no último quartel de
vida, viu-se Cornélio de Arzão exausto de recursos para a subsistência, pelo
que pediu e obteve, a 20 de dezembro de 1627, de Álvaro Luis do Vale,
capitão-mor loco-tenente do donatário da Capitania, a sesmaria que consta do
requerimento que em seguida transcrevemos.
Ei-lo: “Sr. Capitão e Ouvidor – Diz Cornélio de
Arzão, morador na villa de S. Paulo, que há vinte anos pouco mais ou pouco
menos, veio a esta Capitania de S. Vicente em companhia de D. Francisco de
Sousa, que deus tem, governador geral que foi das minas de ourto e prata e mais
metaes descobertos e por descobrir, por mandado de Sua Magestade para vir edificar
os engenhos das ditas minas da dita villa de S. Paulo, com duzentos cruzados de
salário por cada anno, assistindo sempre ele suplicante junto à pessoa do dito
governador, acudindo a seus mandados, e se casou na dita villa de S. Paulo, com
uma filha legítima do capitão Martim Fernandes Tenório, pessoa nobre,
conquistador povoador e da governança da terra, da qual tem filhos e filhas,
pelo que pede a V.M. uma légua de terras em quadra, que foram de Antônio Pinto,
Miguel Ayres Maldonado, e dos Erasmos Esquetes de que já está de posse e tem
feito benfeitorias e que começam das cabeceiras das ditas terras do caminho de
Piassagoera até o cume da serra e d’ahi correrão até o Cubatão-mirim, com suas
entradas e sahidas aguas e logradouros. – Despacho. – Dou ao suplicante as
terras que pede. – Santos, 20 de dezembro de 1627. – alvaro Luiz do Valle”.
Cornélio de Arzão é o tronco
de numerosa descendência do seu apelido, que distinguiu-se nos séculos XVII e
XVIII nas explorações e descobertos de minas de ouro.
Faleceu no ano de 1638,
deixando os seguintes filhos:
1- D. Maria de Arzão.
2- Manuel Rodrigues de Arzão,
casado com D. Maria de Azevedo.
3- D. Ana Rodrigues de Arzão,
casada com Belchior de Borba.
4- D. Suzana Rodrigues de Arzão,
casada.
5- Braz Rodrigues de Arzão,
capitão-mor de Itu, falecido em 1680.
6- Cornélio Rodrigues de Arzão,
capitão-mor de Itu, casado com D. Catarina Gomes.
(Cartório de Órfãos 1º. de São
Paulo, inventário de Cornélio de Arzão, e auto do sequestro dos seus bens no
anno de 1628. – Arquivo da Câmara de S. Paulo, tit. 1618)."
O prestígio de
Cornélio de Arzão em São Paulo era inegável, desde os tempos de D. Francisco de
Sousa, de quem era amigo próximo e de relacionamento de grande respeito. D.
Francisco de Sousa faleceu precocemente, em 1611, exaurido pelos esforços de descobrir
as minas de ouro, prata e pedras preciosas, tesouro que El-Rei o havia incumbido
encarecidamente de fazer. Havia em Portugal a crença de que pelos sertões da
Capitania de São Vicente, ou mais para o noroeste e oeste, haveria tanto ouro e
prata quanto os espanhóis haviam descoberto em Potosí, atual Bolívia.
D. Francisco era um fidalgo da corte, um homem com experiência militar nas lutas em África, quando pereceu o rei D. Sebastião, e havia demonstrado boa capacidade administrativa no seu período de governador-geral do Brasil, na Bahia. Apesar de tudo, era criticado por muitos que o consideravam corrupto, e o acusavam de surrupiar metais preciosos e pedras e não pagar o quinto à Coroa. Tanto que recebeu a não muito dignificante alcunha de D. Francisco das Manhas. Mas, no geral, era admirado e respeitado pela maioria dos habitantes da Capitania.
Arzão rapidamente enriqueceu em decorrência de seu elevado salário, mas também por seu espírito empreendedor e por suas atividades profissionais exercidas com denodo e proficiência. Azevedo Marques aqui nos descreve datas de negócios que, entretanto, se confrontam com as informações prestadas por outros genealogistas e historiadores, como Silva Leme e Carvalho Franco. Ao descrever uma sociedade que Cornélio de Arzão presumivelmente teria num engenho de ferro de beneficiamento de trigo, desde a época da morte de D. Francisco de Sousa, Azevedo Marques, às págs. 197 e 198 de sua referida obra, nos diz, aqui transcrito no vernáculo da época:
D. Francisco era um fidalgo da corte, um homem com experiência militar nas lutas em África, quando pereceu o rei D. Sebastião, e havia demonstrado boa capacidade administrativa no seu período de governador-geral do Brasil, na Bahia. Apesar de tudo, era criticado por muitos que o consideravam corrupto, e o acusavam de surrupiar metais preciosos e pedras e não pagar o quinto à Coroa. Tanto que recebeu a não muito dignificante alcunha de D. Francisco das Manhas. Mas, no geral, era admirado e respeitado pela maioria dos habitantes da Capitania.
Arzão rapidamente enriqueceu em decorrência de seu elevado salário, mas também por seu espírito empreendedor e por suas atividades profissionais exercidas com denodo e proficiência. Azevedo Marques aqui nos descreve datas de negócios que, entretanto, se confrontam com as informações prestadas por outros genealogistas e historiadores, como Silva Leme e Carvalho Franco. Ao descrever uma sociedade que Cornélio de Arzão presumivelmente teria num engenho de ferro de beneficiamento de trigo, desde a época da morte de D. Francisco de Sousa, Azevedo Marques, às págs. 197 e 198 de sua referida obra, nos diz, aqui transcrito no vernáculo da época:
"Dezoito anos mais
tarde desaparecerá, por sua vez, a própria fábrica, com a morte de Francisco
Lopes Pinto, ocorrida no ano de 1629. Essa a versão tradicional, registada
pelos que se ocuparam da matéria. É curioso que no inventário dos bens deixados
por Lopes Pinto já não fique o engenho de ferro, e que seu testamento apenas
mencione as dívidas e contrariedades resultantes do negócio. Mas o engenho vai
surgir em outro inventário, o de um genro de Clemente Álvares, Luis Fernandes
Falgodo, que morrera no ano anterior em Santo Amaro. Avaliaram-no em quinhentos
cruzados, isto é, duzentos mil-réis, correspondendo metade dessa soma à parte
do defunto. Com a declaração de que “sendo caso que o malho e safra e bogua (em itálico, no original) se achar
ser de Sua Magestade, sempre estarão no dito engenho como té agora estiveram
pagando o quinto a Sua Magestade como até agora se fêz, com a mais ferramenta
necessária para o dito engenho mover... (1)
(1) Inventários
e Testamentos, VII, S. Paulo,
1920, p. 461.
A outra metade
estaria talvez, em poder de Cornélio de Arzão, pois figura no inventário que de
toda a sua fazenda mandou proceder a Santa Inquisição, naquele mesmo ano de
1628 (2). Apenas os avaliadores deixaram de orçá-la neste caso, “por não haver
pessoa que o entenda”.
(2) Inventários
e Testamentos, XII, S. Paulo,
1921, p. 97."
Sáo Paulo - a colina histórica e as primeiras construções religiosas. In: Menezes, Raimundo. Aconteceu no Velho São Paulo. São Paulo. Coleção Saraiva, 1954. |
Sobre o patrimônio de Cornélio de Arzão, Azevedo
Marques, à pág. 214 da mesma obra nos relata:
"Em São Paulo, também um flamengo – Cornélio de
Arzão – aparece entre os primeiros donos de moinhos. O seu, porém, era de água,
provavelmente de roda d’água e, segundo a carta de data que lhe foi concedida
em 1616, situou-se primeiramente nas beiradas do Anhangabaú entre a subida para
Santo Antônio e o sítio que fica abaixo de São Bento. Doze anos mais tarde
estava em Santo Amaro, às margens do Rio Pinheiros e perto do Engenho de Ferro.
Do inventário de sua fazenda, mandado fazer em 1638, pela Inquisição, consta
que esse “moinho de moer trigo moente e corrente se avaliou então em dez mil
réis. Posto em pregão, alguns dias depois arrematou-o Diogo Martins da Costa
“que nele lançou quatorze mil-réis que logo pagou em dinheiro de contado” (Inventários e Testamentos, XII, São
Paulo, 1921, pp. 90-118)."
Convento e Igreja do Colégio dos Jesuitas. Fundação de janeiro de 1554. In: Menezes, Raimundo. Aconteceu no Velho São Paulo. São Paulo. Coleção Saraiva, 1954. |
Silva Leme aponta as divergências de datas dos
fatos ocorridos com Cornélio de Arzão, onde faz uma correção das mesmas que, no
seu entender, estariam mais próximas da realidade. A descrição da linhagem de
Cornélio de Arzão pode ser encontrada na Titularidade
Arzam (Vol VII - Pág. 315
a 343), de sua Genealogia Paulistana,
quando reproduz o texto de Azevedo Marques, mas numa nota ao pé da página faz
suas retificações:
"Esta família, que contou entre os bandeirantes e exploradores do sertão
vários vultos preeminentes, teve começo em São Paulo, em Cornelio de Arzam.
Natural de Flandres, homem estimado e de recursos, que veio à capitania de São
Vicente na companhia de Dom Francisco de Sousa, para edificar os engenhos das
minas da Vila de São Paulo com 200 cruzados de salário, como consta do
requerimento que fez em 1627 ao capitão-mor Alvaro Luiz do Valle, em que pedia
uma sesmaria, que lhe foi concedida, atenta à pobreza em que então se achava,
por terem sido seus bens confiscados em 1620, em conseqüência da pena de
excomunhão contra ele lançada pelos padres da Companhia de Jesus (vide Azevedo
Marques, Apontamentos Hist.) (1)"
"(1) Cremos
que a data (1620) mencionada por Azevedo Marques para o confisco dos bens de
Cornelio de Arzam e a do requerimento de sesmaria são erradas, porque dos autos
do inventário do dito Cornelio de Arzam consta que o confisco, isto é, a
arrecadação e praça dos bens promovidas pelo meirinho da Inquisição teve lugar
em 1628, quando ainda estava preso dito Arzam. Portanto o requerimento deve ser
posterior a esta data.
Na página 316, Silva Leme continua:
Este
Cornelio de Arzam foi quem reconstruiu a matriz de São Paulo em 1610 por
autorização da câmara da mesma Vila composta dos oficiais: Mathias de Oliveira,
Belchior da Costa, Manoel da Costa Pino e outros. Casou com Elvira Rodrigues
f.ª. do capitão-mor Martim Fernandes Tenorio de Aguilar, pessoa nobre e da
governança da terra, V. 4º pág. 508; e faleceu em 1638. Teve os 6 f.ºs.
seguintes (como no texto de Azevedo Marques – N.A.): Cap. 1.º Maria de Arzam; Cap. 2.º Manoel Rodrigues de
Arzam; Cap. 3.º Anna Rodrigues de Arzam; Cap. 4.º Suzanna Rodrigues de Arzam; Cap. 5.º Capitão-mor Braz Rodrigues de Arzam; Cap. 6.º Cornelio Rodrigues de Arzam."
Como já assinalamos, Cornélio de Arzão, pelo que se depreende dos relatos
de Azevedo Marques, Silva Leme, Carvalho Franco e outros, era um profissional
muito bem pago (duzentos cruzados de salário) e, dentre outras edificações, foi
o responsável pela construção da primeira Igreja Matriz, futura Matriz da Sé,
em 1610, de São Paulo. Ela passou por diversas reformas, tendo sua arquitetura
sido modificada. Os primeiros desenhos e fotografias desta obra não revelam a
estrutura e o modelo arquitetônico realizados por Arzão. Foi demolida no início
do século XX, dando lugar à atual Catedral da Sé.
A origem judaica de Cornélio de Arzão (na ocasião quase certamente já era
cristão-novo) não passou despercebida por muitos, dentre eles os jesuítas.
Provavelmente foi acusado de ser judaizante (praticar o judaísmo às escondidas,
no recesso do lar) e preso. O processo que sofreu, a partir de 1617/18, acusado que foi pela
Inquisição de crimes (não pudemos constatar quais foram no relato de qualquer
historiador e em nenhuma publicação encontramos qualquer referência a supostos
delitos), levou-o à prisão, ocorrida em 1620. Foi levado para Portugal e
permaneceu encarcerado em Setúbal, ao sul de Lisboa, por 6 anos. Quando foi
libertado, ao se verificar a inconsistência das provas contra ele, foi
autorizado a embarcar de volta ao Brasil, tendo saído direto da prisão para o
navio em Setúbal. Não lhe foi permitido manter contatos com o povo da
metrópole. Ao voltar, refez sua vida, retomou seus negócios regulares,
honestos por sinal, recuperou sua honra, dignidade e o respeito que a população
de São Paulo lhe devotava. Seu patrimônio, apenas em parte, foi reconstruído.
Seus bens haviam sido sequestrados pela Inquisição e levados à hasta
pública pelo meirinho. Tal fato levou-o a uma pobreza tal que, possivelmente em
1627/28, solicitou uma sesmaria para sua sobrevivência. Isso revelou sua
extraordinária capacidade de recuperação e empreendedorismo. Poucos de seus
bens lhe haviam sido restituídos e ele teve de recomeçar praticamente do zero
após a expropriação. Obteve sua sesmaria na região da atual Cubatão, onde
trabalhou intensamente por alguns anos. Provavelmente, em decorrência de seu
trabalho ingente, profícuo, tenaz e também pelo estresse acumulado em anos de
perseguição injusta, faleceu em 1638, deixando algum patrimônio aos seus
herdeiros, seis filhos, como já descrito.
Igreja da Misericórdia. Demolida em 1888. In: Menezes, Raimundo. Aconteceu no Velho São Paulo. São Paulo. Coleção Saraiva, 1954. |
É uma incógnita até hoje os reais motivos da perseguição que a Inquisição
moveu contra Cornélio de Arzão. Os autores citados, falam apenas em
divergências com os padres da Companhia de Jesus (jesuítas). Certamente Arzão
era um cristão-novo, e por algum tempo tentou evitar problemas com as
autoridades eclesiásticas de São Paulo. A acusação de ser judaizante, baseada
em motivos puramente religiosos, sem outros argumentos mais consistentes, poderia
ser uma alegação fraca demais dada importância do flamengo em São Vicente e na
vila de São Paulo do primeiro quartel do século XVII. Provavelmente houve
outras causas menos nobres.
Uma rua que subia para o largo da Sé. Ca. 1860. In: Menezes, Raimundo. Aconteceu no Velho São Paulo. São Paulo. Coleção Saraiva, 1954. |
Pudemos encontrar uma amostra do que possivelmente ocorreu na descrição
de outro autor, Alcântara Machado, em seu clássico Vida e Morte do Bandeirante, cuja primeira edição é de 1929. Em seu
relato podemos observar toda a solércia de que Arzão foi vítima, como era o
ambiente de inveja, de ódio sub-reptício, o ambiente religioso-persecutório da época
propiciado pela Inquisição, apesar de estarmos vivendo nos trópicos, bem longe
da metrópole, tão próximo ao sertão, onde os costumes eram bem mais relaxados e
a moral extremamente flexível. Alcântara Machado é por demais esclarecedor dos
fatos escabrosos que ocorreram quando nos diz (Belo Horizonte. Editora Itatiaia
Ltda – Editora da Universidade de São Paulo, 1980, pp. 193-195):
"São fatos
posteriores à época de que nos vimos ocupando. Mas um dos inventários em estudo
denuncia que, já em começos do século XVII, a Inquisição corveja sobre a cabeça
e a fortuna dos vicentistas.
Provam-no os
autos, em que se dá conta de toda a fazenda sequestrada
e botada em inventário de Cornélio de Arzam, flamengo, aqui morador, pelo Santo
Ofício.
... A 1º. de
abril desse ano, por ordem e mandado do senhor
inquisidor Luiz Pires da Veiga, o mesmo deputado do Santo Ofício que, em
1626 percorreu como visitador as colônias africanas o juiz ordinário Francisco
de Paiva, se transportou ao lugar donde
chamam Piratibae levando consigo Manuel Ribeiro, meirinho da Santa Inquisição
e os tabeliães Simão Borges de Cerqueira e Fernão Rodrigues de Córdova.
Era meia-noite, mais ou menos, quando chegou a
comitiva à roça e fazenda do
desventurado. O meirinho bateu à porta da casa, dizendo, da parte da santa inquisição, que lha abrissem. Sobrevindo a mulher
do réu, mandou-lhe o juiz que entregasse as chaves da casa e de todas as caixas
que tivesse. Na manhã seguinte começaram o arrolamento e a avaliação dos bens,
prestando os avaliadores o juramento aos
Santos Evangelhos sobre a cruz que o meirinho traz no peito, insígnia do Santo Ofício. Nada escapou às garras da
Justiça: duas peças de Guiné, ferramentas de lavoura e de carpintaria, pratos
de estanho, prato e tigelas de louça de Lisboa, retalhos de sarja, de raxeta,
de picote, de bertanjil, de baeta, de tafetá, de canequim, de sarjeta do
senhor, de bombazina, de paratudo, de pano de algodão, meias velhas, ligas de tafetá pardo guarnecido com suas pontas,
um saio de mulher, de grisê azul
passamado, vinte e sete grãos de ouro, quatro aljofres, trinta e duas
patacas, um esgaravatador sobredourado, um relicário e um óculo de Flandres de olhar ao longe, que se não avaliou por não se
saber o que vale.
Em
continuação foram sequestrados um outro sítio com o seu moinho de moer trigo moente e corrente, a metade do Engenho de Ferro,
que não se avaliou por não haver pessoa que o entenda, as casas da vila, as
dividas ativas. Constam estas últimas de um termo
das pessoas que saíram a excomunhão, isto é, que, para não incorrerem em
semelhante pena, acusaram em juízo o que deviam ao preso. Entre esses devedores
figuram Bernardo de Quadros e os herdeiros de Belchior da Costa, responsáveis pelo que se deve a Cornélio de Arzam das
obras que fez na Igreja Matriz, como
oficiais da república que eram no tempo que se arrecadou a finta da dita
Igreja.
Com a venda
dos bens em hasta pública e a arrecadação das dívidas terminam os autos. Deles
não consta, nem os cronistas esclarecem, qual o desfecho do processo.
Mas o erudito
investigador Félix Guisard Filho teve a fortuna de encontrar nos arquivos da
Torre do Tombo (secção Inquisição) os autos do processo, e a gentileza de
comunicar-me a cópia, que obteve, da decisão. Eis, guardada a ortografia do
original, o que diz a sentença: “Acordam os inquisidores e deputados da Santa
Inquisição... que vistos estes autos e qualidade das culpas de Cornélio
Arzinga... flamengo, nelles conteúdo e asyla (?) diligencia no caso feita, cõ o
mais que pelos dictos se mostrar, mandão que o dito Cornelio seja solto e se va
em pas e do proprio onde está se hirá a embarcar para sua terra, e não entrará
na villa de Setubal, onde foi preso... e o amostão que faça todolos auctos de
bom catholico christão, e se confesse as 3 pascoas do anno, e nelas receba o
Santissimo Sacramento de conselho de seu cura e que seja muito atentado em suas
falas nos casos semelhantes, sob pena de ser gravemente castigado.”
Daí se vê que
Cornélio foi preso, não em S. Paulo, mas na metrópole, e que as suas culpas
eram despidas de gravidade, consistindo provavelmente em palavras levianas, de
ortodoxia duvidosa.
Restituido à
liberdade, Cornélio de Arzam voltou a S. Paulo.
O inventário,
a que se procedeu, quando de seu falecimento, em 1638, demonstra a existência
de um acervo estimado em 562$740. (Itálicos no original)."
O cronista e cartunista de São Paulo, Belmonte, cujo nome verdadeiro era
Benedito Carneiro Bastos Barreto, em sua obra No Tempo dos Bandeirantes, 4ª. Edição, publicado pelas Edições
Melhoramentos, em São Paulo (1948), reproduz este texto quase na íntegra, mas
afirma, sem apontar suas fontes históricas, que Cornélio de Arzão não era judeu
ou cristão-novo, mas somente de nacionalidade flamenga. Como Belmonte não era
historiador e sim um grande e brilhante cartunista e cronista (foi o ilustrador
da obra de Monteiro Lobato), ficamos com os historiadores que afirmam a etnia
judaica de Arzão.
Em suma, Arzão foi acusado, processado, julgado, condenado e preso,
passando alguns anos no cárcere, pelo único crime a ele atribuído, que foi o de
manifestar algumas idéias, ditas um tanto precipitadamente ou imprudentemente.
Pelo menos, é o que deduzimos dos relatos anteriores.
Entretanto, Alcântara Machado escancara a verdade: Arzão foi perseguido por que era credor de algumas pessoas, que, decididas a não lhe pagar as dívidas, o acusaram junto ao Santo Ofício de São Paulo, na época conduzido pelos jesuítas. Estes, em vez de apurar a verdade dos fatos, por ser Arzão um cristão-novo, sempre motivo de suspeitas dentro da Igreja (enfatizamos novamente que o povo o admirava e o tinha em elevada estima), e por ser um homem rico para os padrões da São Paulo de Piratininga do início do século XVII, preferiram seguir o roteiro tenebroso inquisitorial, cuja tradição já durava cinco séculos. Um absurdo, inimaginável nos tempos atuais!
Entretanto, Alcântara Machado escancara a verdade: Arzão foi perseguido por que era credor de algumas pessoas, que, decididas a não lhe pagar as dívidas, o acusaram junto ao Santo Ofício de São Paulo, na época conduzido pelos jesuítas. Estes, em vez de apurar a verdade dos fatos, por ser Arzão um cristão-novo, sempre motivo de suspeitas dentro da Igreja (enfatizamos novamente que o povo o admirava e o tinha em elevada estima), e por ser um homem rico para os padrões da São Paulo de Piratininga do início do século XVII, preferiram seguir o roteiro tenebroso inquisitorial, cuja tradição já durava cinco séculos. Um absurdo, inimaginável nos tempos atuais!
â â â
Desde a chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil, inicialmente na Bahia
e, em seguida, à Capitania de São Vicente, eles tiveram uma postura louvável e
humanitária em relação à população indígena. Opunham-se à escravização dos
índios, procuravam catequizá-los e trazê-los para a fé cristã (geralmente
conseguiam isso através da catequese das crianças indígenas – os curumins –
que, acabavam por atrair seus pais relutantes para o cristianismo). Aprendiam
rapidamente as línguas dos nativos, anotavam sua gramática e escreviam espécies
de dicionários, e mantinham bom relacionamento com diversas tribos tupiniquins
do litoral. Atestam-no seu enobrecedor trabalho junto aos índios guaranis nos
Sete Povos das Missões, região do atual estado do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, bem como em território Uruguaio, Argentino e Paraguaio.
Entretanto, não foram poucos os episódios em que os jesuítas foram
vítimas da incompreensão dos indígenas e das constantes guerras travadas entre
os portugueses contra diversas tribos inimigas, como os carijós, tapuias,
tamoios, caetés, etc. Diversas dessas tribos haviam se aliado a invasores
intrusos como os franceses, ingleses, espanhóis e até holandeses. Muitos foram
assassinados e canibalizados em rituais religiosos por diversas tribos. É
necessário que façamos aqui uma homenagem a esse espírito superior dos
jesuítas, notadamente aqueles que seguiam as orientações de Nóbrega e Anchieta.
Estes, por sua vez, haviam sido orientados pelo fundador da ordem da
Companhia de Jesus, Inácio de Loyola.
Por outro lado, sua defesa intransigente dos índios na América
portuguesa, sua luta para impedir que fossem aprisionados durante as incursões
pelo sertão, através das entradas e, posteriormente, das bandeiras, sua
incansável luta para evitar que fossem vendidos e escravizados pelo homem
branco, merecem nosso respeito, consideração e verdadeira admiração. Mas
exatamente essa conduta humanitária, diríamos hoje defesa intransigente dos
direitos humanos universais, acabou acarretando não poucos e pequenos
dissabores para os padres da Companhia de Jesus. Desde o último quartel do
século XVI havia uma crescente animosidade entre os colonos contra os jesuítas,
que impediam seu trabalho de aprisionamento e escravização do gentio. A
animosidade foi crescendo, notadamente após os massacres efetuados pelas
bandeiras paulistas nos territórios do sul e do oeste. Esses episódios azedaram
de vez a relação dos jesuítas com o povo da Capitania de São Vicente, que vivia
uma situação de penúria econômica, com a fome e a pobreza grassando no
território em função da pouca capacidade do solo em produzir bons canaviais,
então a grande riqueza do Brasil, e principal fonte de renda da colônia através
das exportações da cana de açúcar. As entradas em busca do ouro em território da capitania de São Vicente e, mais ao sul, na região do Guairá, foram decepcionantes. O empobrecimento geral vinha, em parte, da
dificuldade que os colonos encontraram para assentar os índios aprisionados nos
canaviais. Os jesuítas foram progressivamente acusados de atuar contra a
economia da capitania, ameaçando sua própria sobrevivência.
Acrescente-se a isso um gradual desvirtuamento da função e dos métodos de
trabalho dos jesuítas que, após sucessivas levas de novos padres que chegavam
da metrópole, passaram a adotar uma metodologia heterodoxa de angariar fundos
para a instituição. Na dificuldade cada vez maior de conseguir recursos
financeiros para suas obras, manutenção de suas igrejas, mosteiros, conventos e
escolas, passaram a cobrar taxas da população não existentes nos tempos de
Nóbrega e Anchieta.
Por um acaso, descobrimos, ao pesquisar apontamentos na internet sobre a
história da cidade de Cubatão, relatos diversos de comportamentos nada
recomendáveis perpetrados por jesuítas, algumas décadas após a morte desses
primeiros grandes missionários. Diferentemente dos primeiros de seus pares,
fundadores de São Paulo, como Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e outros
valorosos religiosos, os sucessores na administração da Companhia de Jesus na
capitania de São Vicente, portavam-se de forma venal e condenável, revelando-se
mercantilistas e mesquinhos no trato com a coisa pública e com as tarefas
rotineiras da administração da capitania, do início do século XVII.
A professora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade, que selecionou e
organizou o livro Antologia Cubatense,
publicado em 1975 pela Prefeitura Municipal de Cubatão, nas págs. 159 a 160 (Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/ch082.htm), descreve a expulsão dos
jesuítas da capitania, em 1640, episódio desencadeado pelo poder excessivo e
pela exploração financeira do populacho, episódios que há muito vinham
preocupando as autoridades laicas e o povo. Aqui transcrevo o relato da
professora:
"A expulsão dos jesuítas foi provocada pela forte oposição que esses
padres faziam à escravização dos índios. Essa oposição foi acirrada pelo Breve
de Urbano VIII, de 22 de abril de 1639, que proibia o cativeiro dos índios, e
pela lei régia de 31 de março de 1640, que ia além e mandava restituir os
cativos. Inconformados, os procuradores das Vilas de Santos, S. Paulo,
Mogi-Mirim, Parnaíba e Iguape reuniram-se em São Vicente e decidiram pela
expulsão dos jesuítas da Capitania de S. Paulo.
De 13 de julho de 1640 foi a sentença da expulsão pela junta das Vilas.
Tiraram os das vilas e cidades vizinhas e os ajuntaram na cidade de S. Paulo,
de onde foram expulsos. (LEITE, Serafim
S.J. História da Cia. de Jesus no Brasil. 10 volumes. Lisboa, Livraria
Portugália, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1938, vol. VI, p. 258)."
A história dos jesuítas no Brasil data das primeiras expedições
colonizadoras e marcaram definitivamente, e de vários modos, a história do
Brasil e, em particular, da Capitania de São Vicente. Depois de Manoel da
Nóbrega e José de Anchieta, eles chegavam em levas cada vez maiores, e pouco
bastou para que a cobiça lhes tomasse os corações e mentes. Vendo a importância
econômica e estratégica dos direitos de passagem dos viajantes entre a baixada
de São Vicente e da incipiente Santos, para o planalto de Piratininga, onde já
despontava a vila de São Paulo como uma das economias mais pujantes do Brasil, em
que pesem as dificuldades na produção da cana de açúcar em decorrência do solo
muito inferior ao de Pernambuco e da Bahia para esse propósito, direitos esses
que eram cobrados desses viajantes, ao transporem rios, riachos, lagoas,
pântanos (abundantes na região), eles perceberam uma excelente oportunidade de
ganhar muito dinheiro. Para tal, tinham que adquirir, ou se assenhorear, dos
terrenos entre estas duas vilas fundamentais da economia paulista, divididos em
sesmarias maiores ou menores, entre diversos proprietários, para uni-los em uma
só e grande propriedade. Isso foi obtido por diversos meios, empreitada que
resultou na posse pelos padres da Companhia de Jesus de um imenso terreno que
ficou conhecido como a Fazenda Geral de Cubatão. Esta fazenda, organizada pelos
jesuítas, era composta da união das terras das seguintes sesmarias, cujos
proprietários anteriores foram:
1º - Antonio Rodrigues de
Almeida, demarcada em 1556;
2º - Cornélio de Arzão em 1627;
3º - Pedro Corrêa, em 1538;
4º - Francisco Pinto, em 1533;
5º - Ruy Pinto, em 10/2/1533;
6º - Pedro Góes, em 10/10/1532.
2º - Cornélio de Arzão em 1627;
3º - Pedro Corrêa, em 1538;
4º - Francisco Pinto, em 1533;
5º - Ruy Pinto, em 10/2/1533;
6º - Pedro Góes, em 10/10/1532.
Vimos, algumas páginas antes, a descrição de
Azevedo Marques, do sequestro dos bens de Cornélio de Arzão, em particular
desta sesmaria, em que um dos lados margeava o Cubatão-mirim. Os jesuítas
pleitearam e obtiveram a exclusividade na exploração desses serviços e foram
adquirindo um poder crescente. Os conflitos com o poder laico e os colonos não
tardou em surgir. O que culminou com sua expulsão da capitania, em 1640.
Após apelos do rei D. João IV (antigo Duque de Bragança, aclamado rei neste mesmo ano, após o desmembramento do reino de Portugal do reino de Espanha, fato conhecido como Restauração), essas terras foram devolvidas aos jesuítas. Mais terras foram incorporadas ao seu patrimônio, como atestado em documentos denominados Histórico Dominial, cujas cópias foram obtidas pelo Arquivo Histórico de Cubatão junto à Procuradoria da Fazenda Nacional em São Paulo, redigido em 24 folhas, no início da década de 1990.
Após apelos do rei D. João IV (antigo Duque de Bragança, aclamado rei neste mesmo ano, após o desmembramento do reino de Portugal do reino de Espanha, fato conhecido como Restauração), essas terras foram devolvidas aos jesuítas. Mais terras foram incorporadas ao seu patrimônio, como atestado em documentos denominados Histórico Dominial, cujas cópias foram obtidas pelo Arquivo Histórico de Cubatão junto à Procuradoria da Fazenda Nacional em São Paulo, redigido em 24 folhas, no início da década de 1990.
Após tomar novamente posse das terras que perderam,
os jesuítas acrescentaram algumas outras, às seis sesmarias acima relacionadas.
Mais três propriedades foram incorporadas ao patrimônio jesuítico, terras que,
anteriormente, pertenciam aos seguintes proprietários:
7º - Cel.
Manoel Antunes Belém de Andrade e s/m. Em 28/12/1743, de dois sítios: Queirós e
o que foi comprado em 1687 de José Corrêa de Leme.
8º - Mestre do Campo Diogo Pinto do Rego, em 30/9/1745 – o sítio "Cubatão do Cardoso". E
9º - Domingos Leite de Carvalho em 3/9/1689.
8º - Mestre do Campo Diogo Pinto do Rego, em 30/9/1745 – o sítio "Cubatão do Cardoso". E
9º - Domingos Leite de Carvalho em 3/9/1689.
Conclui-se que a Fazenda Geral do Cubatão, dos
padres da Companhia de Jesus, era uma enorme gleba de terra, já que englobava terrenos
antes pertencentes a nove proprietários. O poder dos jesuítas na região era,
portanto, ameaçador. A insatisfação do poder laico e da população persistiu por
mais de cem anos, até que, sob a regência do Marquês de Pombal, os jesuítas
foram definitivamente expulsos de todo o território português, metropolitano e
ultramarino, em carta régia de 19 de janeiro de 1759. Os jesuítas brasileiros
da Capitania de São Vicente foram embarcados para o Rio de Janeiro, de lá para
Lisboa e, finalmente, encaminhados para a Itália.
â â â
Pelo que pudemos concluir, Cornélio de Arzão foi
por duas vezes punido, pela Inquisição, organizada pelos jesuítas (sem
acusações de heresia). Na primeira, como relata Azevedo Marques,
em 1618, quando perdeu seu moinho de ferro e outras propriedades. Na segunda, como
dizem Silva Leme e Carvalho Franco, em 1628, quando perdeu sua sesmaria.
Não somos anticlericais, não temos preconceito
contra a Igreja Católica (dos tempos atuais), temos grande respeito por ela,
como ademais pelas demais igrejas e pelas outras religiões. Entretanto,
consideramos que Cornélio de Arzão foi vingado exatamente 121 anos após sua
morte. Sua memória e honorabilidade, da mesma forma, resgatadas. Esses fatos
vieram a lume no Brasil muito recentemente, após a publicação em Portugal, em
1938, por Serafim Leite, da obra História
da Companhia de Jesus no Brasil, como referenciado acima, e também após a
divulgação pela professora Wilma
Therezinha Fernandes de Andrade, na obra que organizou, Antologia Cubatense, em 1975,
e a publicação do Histórico Dominial,
copiadas do Arquivo Histórico de Cubatão junto à Procuradoria da Fazenda
Nacional em São Paulo, no início da década de 1990.
A Fazenda Geral de Cubatão foi incorporada ao
patrimônio público, fato que permanece até os dias atuais, salvo terrenos que
sofreram invasão popular pelos sem-teto.
Toda esta área é, atualmente, uma das regiões mais industrializadas do país,
sendo que aí se localizam algumas de nossas maiores indústrias de ponta.
Aos interessados em mais informações sobre
Cornélio de Arzão, sugerimos ver o Anexo I, ao final deste capítulo, no qual as
genealogistas paulistanas Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira, transcrevem seu
inventário, no Projeto Compartilhar,
disponível no site: www.projetocompartilhar.org.
Ainda, e encerrando o relato sobre Cornélio de
Arzão, transcrevo Francisco de Assis Carvalho Franco, em seu Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do
Brasil, Editora Itatiaia Ltda – Editora da Universidade de São Paulo, 1989,
pág.44:
"Natural de Flandres, veio com o governador D. Francisco de Sousa, para a
vila de São Paulo, em 1609, como mineiro e com a missão especial de construir
engenhos de ferro. Casou-se com Elvira Rodrigues, filha de Martim Tenório de
Aguilar. Muito ativo e empreendedor, foi o primeiro que em 1613 introduziu em
São Paulo a lavoura do trigo, construindo para sua indústria um moinho no
Anhangabaú. Foi quem reconstruiu, em 1610, sob o encargo da câmara, a igreja
matriz de São Paulo. Obteve do capitão-mor Álvaro Luís do Vale, em 1627, uma
sesmaria de légua em quadra no caminho de Piassagüera. A Inquisição, em 1628,
colheu-o em suas malhas, por pertencer o mesmo à religião reformada.
Encarcerou-o durante anos e procedeu ao sequestro de seus bens, que eram, para
o tempo, elevados. Não esmoreceu, no entanto, o rijo flamengo a todas estas
vicissitudes e faleceu em 1638, deixando outra fortuna que soube angariar pelo
seu trabalho e pela sua honestidade. Constituiu em São Paulo o tronco de
numerosa descendência desse apelido, uma plêiade de bandeirantes dos mais
arrojados e dos mais ricos dos séculos XVII e XVIII (Azevedo Marques – Apontamentos, cit., I, 109. – Inventários e
Testamentos – XII, 27-71. – Taunay –
História das Bandeiras – I, 173)."
ANEXO 1
Projeto
Compartilhar
Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes
Junqueira
SL. 7º, 315, Título -
Cornélio de Arzam, natural de Flandres, faleceu em 1638, casou com Elvira
Rodrigues. Teve os 6 f.ºs
Subsídios à Genealogia Paulistana (Regina Junqueira)
Cornélio de Arzam chegou a
São Paulo em 1609, quando Martim Rodrigues já havia partido em sua bandeira mal
afortunada. Foi sua sogra, Suzana Rodrigues, quem tratou de seu casamento com
Elvira. Nunca conheceu o sogro. Foi várias vezes denunciado à Inquisição e em
1628 teve seus bens sequestrados, conforme o documento abaixo.
Nesta ocasião o cunhado Pedro Tenório, filho bastardo de Martim
Rodrigues, (não incluído na GP), morava em sua casa.
Filhos:
1- Maria, nascida por 1613
2- Manoel, nascido por 1616: (neste site - Sesmarias vol. 01, 158) Manoel de Arzão
- 1640 - f filho e neto de conquistadores, terras na
cabeceira de Belchior de Borba. Casou aos 13-01-1642 na
Sé de São Paulo com Maria Afonso também referida em alguns assentos paroquiais
como Maria de Azevedo. Aos 06-10-1677 recebeu provisão passada na Bahia por Antonio
Garcia para assumir o cargo de Capitão de Infantaria da Ordenança do Bairro de
Santo Amaro, antes ocupado por Francisco Furtado porque, estando vago o posto,
"convem prove-lo em pessoa de pratica da disciplina militar e
experiência da guerra: tendo nós consideração ao bem que todas estas partes e
qualidades concorrem, na pessoa de Monoel Rodrigues de Arzão ... (RGCSP,
vol 3º, flas 277). Tiveram vários filhos entre eles:
- Suzana Rodrigues de Arzam, casada com
Manoel Gonçalves Malio, filho de Baltazar Gonçalvez Malio e Domingas de Abreu,
todos moradores em Santo Amaro, onde batizaram os filhos e onde faleceram,
Manoel em 1720 e Suzana aos 04-05-1754, sepultada dentro da Matriz de Santo
Amaro. (ACMSP, códice 4-2-34). Além dos filhos legítimos, Manoel teve alguns
naturais e outros bastardos, batizados e casados em Santo Amaro, conforme os
livros paroquiais.
3- Ana Rodrigues casada com
Belchior de Borba (neste site - Sesmarias vol. 01, 157) Belchior de Borba - 1640 - No limite de
Botura, nas cabeceiras de Tristão de Oliveira ou de Martim Rodrigues. Família
“Borba Gato”, neste site
4- Suzana, nascida por 1624.
5- Brás Rodrigues de Arzão,
nascido por 1626 (SAESP vol. 23º - neste
site)
6- Cornélio, nascido por 1628.
CORNELIO DE ARZÃO
INVENTÁRIO
NO JUIZADO DOS ÓRFÃOS
Data 30-10-1638
Local: Vila de São Paulo
Juiz: Dom Francisco
Rendon de Quevedo
Inventariante: A viúva
Elvira Rodrigues
SAESP,
Inv e Test , vol 12, fls 27 a 67
FILHOS:
- Maria de 25 anos
- Manoel de 22 anos
- Ana Rodrigues casada com Belchior de Borba
- Suzana de 14 anos
- Braz de 12 anos
- Cornélio de 10 anos
BENS DE RAIZ:
- Casas de dois lanços na Vila de São Paulo
junto da Matriz .......25$000
- Um lanço de casa novo que parte com Belchior
de Borba..........12$000
- Chãos com taipas novas...............................................................20$000
- Sitio de três lanços de Taipa em
Boy...........................................25$000
PROCURADOR DA VIUVA :
João Paes
CURADOR Á LIDE DOS
ÓRFÃOS: Antonio Vieira de Maia
MONTE MOR: 562$740
5-8-1623
Diz Braz Rodrigues de
Arzão morador nesta villa que ele ficou órfão filho do defunto Cornélio de
Arzão elle dito é casado com mulher e filhos e está para se mudar com casa e
família para fora da vila e termo (pelo que pede a legítima de 51$114).
21-10-1684
Braz Rodrigues de Arzão
declara ao Juiz Salvador Cardoso de Almeida que seu irmão Cornélio Rodrigues de
Arzão falecera em Itu onde era morador e deixou filhos menores...
(pede o inventário,
avaliação e leilão dos bens desses órfãos na vila de São Paulo)
INVENTÁRIO
DA FAZENDA DE CORNÉLIO DE ARZÃO
MANDADO
FAZER PELA INQUISIÇÂO
Vol
12, fls 71 a 127
Anno do Nascimento de
Jesus Cristo de mil seissentos e vinte e oito annos ao primeiro dia do mez de
abril do dito anno no termo da villa de São Paulo capitania de São Vicente
partes do Brazil no termo desta vila donde chamam Piratiabae roça e fazenda de
Cornélio de Arzão onde veio o Juiz ordinário da villa Francisco de Paiva
trazendo comsigo a Liguel Ribeiro meirinho da Santa Inquisição por ordem e
mandado do Senhor Inquisidor Luiz Pires da Veiga trazendo mais comsigo a mim
Tabelião ao diante nomeado, e ao tabelião Simão Borges de Cerqueira , e sendo
aqui nesta fazenda a meia noite pouco mais ou menos chegando as portas da dita
casa do dito Cornélio de Arzão logo o dito meirinho Miguel Ribeiro bateu a
porta da dita casa dizendo que da parte da Santa Inquisição lhe abrissem a
porta a qual foi aberta pela mulher do dito Cornélio de Arzão Elvira Rodrigues
e juntamente com um irmão seu por nome Pedro Rodrigues Tenório e sendo aberta a
porta da dita casa logo pelo dito meirinho Miguel Ribeiro e o dito Francisco de
Paiva lhe foi mandado por parte da Santa Inquisição entregasse as chaves da
dita casa e de todas as caixas que tivesse e declarasse toda a fazenda que
nella havia a qual disse e declarou que na dita casa em que estava e nós todos
entramos não havia mais que uma fraqueira em que estavam sete frascos
juntamente duas tamboladeiras de prata e três digo uma maior e outra mais
pequena e três colheres de prata, e que na dita casa não havia mais gente que
gente de serviço, negros da terra e que em outra casa que junta estava estavam
duas caixas em que tinha algumas coisas e que fossem ver, e logo se foi ver
deixando na dita casa que primeiro vimos guardas e bom recado como o caso
requeria e do que dentro estava se fez inventário seguinte perante o dito juiz
e meirinho e a dita Elvira Rodrigues por mão saber e assignou por ella Belchior
de Borba forasteiro que ahi se achou eu Fernão Rodrigues Cordova tabelião
escrevi.
(Seguem as avaliações da
frasqueira, tachos, todo o tipo de ferramentas, pratos de estanho, gado,
porcos, um pano cozido com 9920 em dinheiro, relicário, roupas, tecidos, 27
grãos de ouro e quatro pérolas, louça, um par de óculos, facas e facões, uma
negra da Guiné e seu filho, armas, plantações de algodão, mandioca, aves,
gentio da terra)
E logo no ditto mês e
anno acima e atraz declarado sendo feito esse inventário ....foi dado juramento
na Cruz da vara em nome dos Santos Evangelhos a mulher do preso Cornélio de
Arzão a requerimento do meirinho do Santo Oficio.......
Aos dois dias do mez de
Abril ...o dito Juiz Francisco de Paiva e o meirinho do Santo Oficio Miguel
Ribeiro trazendo a mim tabelião nos partimos do sitio de Cornélio de Arzão
atraz declarado e dahi fomos a uma casa que está na roça do dito Cornélio de
Arzão para sabermos o que nella havia e achamos o abaixo declarado.
(milho, moinho, casas,
ferramentas, pouco mobiliário)
(Segue avaliações das
casas e seus pertences na vila e o rol dos conhecimentos, i. é. devedores)
Escripturas
- Carta de data de sesmaria de meia légua nos
matos do Bihi
- Casas defronte à casa do Vigário
- Umas terras em Bohi
- Sessenta e seis braças de terras em Birapoera
- Chãos na banda de Santo Antonio
- Cinco braças de chãos em Santos
- Terras em Bohi compradas a Matias de Oliveira
- Uma légua no Covatão merim correndo para
Piaçagoera
- Um conhecimento pelo qual Miguel Gonçalves
Correia que era ido ao Peru, devia 16$000 ao dito preso.
Penhoras feitas aos
oficiais da Câmara do ano de 1610, referentes ao que a Câmara devia ao preso
Cornélio de Arzão pelo feitio da Matriz.
Pagaram:
- Mathias de Oliveira
- Bento de Oliveira por seu irmão Gaspar de
Oliveira por conta do inventário de Francisco da Gama
- Catarina Dias por seu marido defunto Garcia
Rodrigues
- Manuel da Costa e Miguel Ribeiro como
herdeiros de Belchior da Costa
- Bernardo de Quadros, por ter sido oficial da
Câmara em 1610
LEILÃO
(Segue o leilão de todos os bens em praça pública,
exceto o ouro, prata, pérolas e moeda que foram direto para o bolso do
meirinho. O meirinho também recebeu o dinheiro dos credores).
Esta mensagem é para Antonio Correa.
ResponderExcluirCaro Antonio. Encontrei seu blog chamado Retratos da Minha Familia.
Obrigado por todo o trabalho que você colocou em sua história em Cornelius Arzam.
Ele poderia ser meu 11º bisavô. Gostaria de me comunicar com você. Eu moro nos Estados Unidos, mas vim de São Paulo. Obrigado. Marcos Silva
Gostei bastante do blogspot. Informações preciosas e diversificadas.
ResponderExcluirEstou escrevendo um livro sobre Santo Amaro nos séculos XVI, XVII e XVIII.
Fiz um livro sobre Cubatão. Inez Garbuio Peralta.
ResponderExcluirOlá, me chamo Sidnei Lefredo Padaratz. Obrigado por compartilhar esta história. Sou descendente de Cornélio de Arzão, através de sua filha Suzanna Rodrigues de Arzão, casada com João Dias, vindo a gerar a João Dias de Arzão, ancestral dos Arzão de Santa Catarina. Há algum tempo a família de minha bisavó materna, Valdemira Alves, em um dado momento, abandonou a alcunha Arzão, substituindo-a por Alves de Andrade, posteriormente para Alves. Esta minha bisavó casou-se com um filho de Italino com uma mulher natural de Cananéia/SP, de nome Guilherme Provesi, tiveram muitos filhos e filhas, sendo Irineu Provezi meu avô, este casou-se com Olga Pahl (de ascendência alemã), gerando 05 filhos e 05 filhas, sendo uma das filhas a minha mãe Estér Provezi, que veio a casar-se com o meu pai Lefredo Padaratz, de ascendência Prussiana.
Ola! Também sou descendente de Cornélio de Arzão, através de sua filha Suzanna Rodrigues de Arzão, casada com João Dias, tendo filho João Dias de Arzão em Santa Catarina.
ResponderExcluirOlá Antônio! Agradeço muito a postagem, trouxe contribuição valiosa para eu aprofundar em minha genealogia. Sou descente do Cornélio de Arzão por parte do seu filho Manuel Rodrigues de Arzão e neta Maria Rodrigues de Arzão.
ResponderExcluir