quarta-feira, 20 de julho de 2016

Testamentos de dois dos fundadores de Dores do Indaiá









Pesquisadores de Pitangui e Itaúna têm realizado um grande trabalho de digitalização e divulgação na internet dos dados obtidos em arquivos históricos desta primeira cidade. Como se sabe, Pitangui, a sétima vila do ouro em Minas Gerais, foi o polo irradiador da colonização de toda a região do Alto Rio São Francisco e Oeste de Minas. 

Nesta postagem apresentamos os testamentos de Jerônimo da Costa Guimarães, de seu filho Capitão Amaro da Costa Guimarães, o mais antigo sesmeiro da região de Dores do Indaiá, e um de seus fundadores, da sua esposa Joaquina Antunes Faria, e de Manuel Corrêa de Souza, meu tetravô, também um dos sesmeiros fundadores da cidade e doador do terreno onde foi construída a primeira igreja cujo orago foi São Sebastião, no terreno onde hoje é a Praça Alexandre Lacerda.

A amizade que uniu o Capitão Amaro da Costa Guimarães e Manuel Corrêa de Souza foi definitiva, já que o segundo foi testemunha no testamento do primeiro, como pode ser lido no texto. A irmã do Capitão Amaro, Páschoa Maria de Jesus, é ancestral de toda a família Oliveira, da qual descendo, além dos Carvalho, dos Couto e dos Tonaco, em Dores do Indaiá.

Reproduzo dados obtidos no blog resgatedahistorya.blogspot.com.br  

Os créditos por este belo trabalho de pesquisa histórica em Pitangui são apresentados logo após cada texto.


       
TESTAMENTO DE JERÔNIMO DA COSTA GUIMARÃES 
1781

            Meu cadáver será involto na mortalha ou hábito de meu Pai São Francisco, de quem sou irmão na terceira ordem, e ascento se sepultura no esquife destinado para tais funções e isto na capela do Senhor Santo Amaro, acompanhado do meu Reverendo Pároco, ou do sacerdote que sua figura represente, e bem assim de mais seis sacerdotes, que todos me dirão ;;;; missas de corpo presente, e bem assim ordeno se indiquem sete oitavários de missas pelos mesmo sete sacerdotes, e todos eles compreendidos na ..... dias sucessivos aos do sobredito meu funeral, em cujo ato outrossim ordeno se distribuam doze oitavas de ouro pelos pobres mendicantes ....... à dita capela, preferindo viúvas e donzelas recolhidas a arbítrio do meu testamenteiro, e ....... do meu Reverendo Capelão e se assistirá com ... .... . ... ..... que ... me acompanhar à sepultura, e de ... qie ... ... .. .... ou ..... .........
Declaro que estou casado na forma do Concílio Tridentino com Damiana de São José, em cuja lida conjugal actualmente ...... e nela houvemos dez filhos que vivos existem a saber: Frei Manoel de Santa Gertrudes, religioso professo no Mosteiro de Santo Antônio na cidade do Rio de Janeiro; José, Amaro, Joaquim, João, Maria, Jerônima, Páscoa, Ana e Francisca, os quais chamo e instituo por meus legítimos e necessários herdeiros, com um na parte que por direito lhe pertence na meação dos bens deste meu curral ... sou meeiro com a dita minha Consorte, e isto por benefício de inventário, e ... partilha, de cuja meação que assim me pertencer, depois de pagas as minhas dívidas ativas e funeral. Reservo a minha terça para dela dispor na conformidade da minha vontade e benefício do meu espírito.
Declaro que em razão de ter eu tes... .... estado conjugal as ditas minhas filhas Maria, Jerônima e Páscoa, as quais dotei com alguns escravos e outros bens móveis.
Ordeno que entre com os tais bens .. para a fatura do inventário ... efeito de si lhe levar em conta esses mesmos bens em suas legítimas Paternas em ordem a igualdade que desejo .... quando se sintam . ou . ficaram com ostais bens assinando termo de abstenção de herança para em tal caso não entrarem a colação, e conferência com os mais meus sobreditos .... herdeiros, dos quais totalmente excluo a parda Maria casada com Manoel Lopes dos Santos, que dizem ser minha filha natural havida em tempo de meu celibato pelo haver dotado com equivalente o res.... dos mais filhos legítimos.
Item que os bens móveis, semoventes, de raiz e de ..... espécie que atualmente possua neste meu casal devem ... daqueles que por meu falecimento se acharem  e forem dados a Inventário por quais tenho igual parte com a dita minha Consorte de cujo valor se pagarão todas as dívidas ativas e meu funeral, e dividido o líquido em dduas partes iguais, de uma delas que me pertence tirada as duas partes relativas a meus herdeiros, de uma delas, que é da minha terça, disponho pela maneira seguinte: ordeno se mandem dizer oitocentas missas no Convento de Santo Antônio da cidade do Rio de Janeiro segundo a minha intenção esmola de trezentos e setenta réis de prata para que sem demora se celebrem. Deixo aos santos lugares de Jerusalém quarenta mil réis, que sem ............ se entregarão ao Síndico Geral morador na Cidade do Rio de Janeiro. Deixo ao Santo Hospital de Vila Rica trinta mil réis para cura dos pobres enfermos. Deixo ao Santo Amaro colocado na sua capela donde eu testador sou filiado para ajuda de pintar o seu retábulo, trinta mil réis. Deixo à Santa imagem do Senhor de Matozinhos colocada na sua capela de Congonhas vinte mil réis. Deixo para redenção dos cativos vinte mil réis, que se entregarão ao .... deles morador na cidade do Rio de Janeiro. Deixo quatro órfãs donzelas recolhidas minhas sobrinhaa á eleição de meus testamenteiros vinte e cinco mil réis a cada uma. Deixo ao Senhor dos Passos, colocado no seu Altar na Parochia de Carijós, dez mil réis. Deixo à Senhora do Monte do Carmo, colocada na sua capela do Arraial dos Carijós, dez mil réis. Deixo à mesma Senhora do Monte do Carmo, pois colocada na sua Igreja de Vila Rica, vinte mil réis. Deixo a São Francisco de Assis, colocado na sua Igreja de Vila Rica, vinte mil réis. Deixo se repartam cincoenta mil réis por donzelas recolhidas desta Freguesia de Carijós das mais pobres que houver, preferindo as minhas parentes ao arbítrio dos meus testamenteiros. Cumpridas assim na (seguem-se duas linhas ilegítimas) casas pias que se ........... por uma vez somente por reso pois que fica de minha terça, chamo, nomeio e instituo por herdeiros universais desse mesmo resto as sobreditas minhas filhas Ana e Francisca em partes iguais. Ordeno se paguem quaisquer dívidas que ........ forem por pessoas de reconhecida ... e exemplar conduta, das que chamamos módicas deferindo-se lhes primeiro juramento supletório. Revogo e hei por abolidos e derrocados quaisquer testamentos (ilegíve) que antes deste eu tenha feito, porquanto neste meu solene testamento que hora mandei escrever por Manoel Ribeiro Guimarães, mando e espero se lhes dê inteiro cumprimento da Justiça e tenha toda a força e vigor como disposições que são dirigidas pelos ditos de minha própria vontade na conformidade da qual hei por findo e acabado o presente meu testamento em que me assinei com o dito amanuense.
Campo de Santo Amaro, vinte e dois de janeiro de 1781
(as.) Jerônimo da Costa Guimarães
Que este testamento escrevi a rogo do sobredito testador
(as.) Manoel Ribeiro Guimarães
Adição: deixo para Damiana minha afilhada, filha do falecido Antônio F....te, quarenta mil réis. Deixo a meu filho Frei Manoel de Santa Gertrudes, Religioso no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, vinte mil réis para o seu tabaco e lenços. Deixo ao Hospital dos Irmãos Terceiros da Ordem  .. ráfica da cidade do Rio de Janeiro vinte mil réis. Deixo a minhas duas netas e afilhadas Custódia e Josefa, filhas de minha filha Páscoa, vinte mil réis a cada uma. Finalmente declaro que as minhas quatro sobrinhas de que faz menção a verba supra, são filhas de meu irmão já falecido Domingos da Costa Guimarães, moradoras na Cruz das Almas da Itabira, era dia ut supra
Jerônimo da Costa Guimarães
Eu que esta adição escrevi a rogo do sobredito testador
Manoel Ribeiro Guimarães


Paleografado por Aureo Nogueira da Silveira
Digitado por Alan Penido  
            Postado há 30th April por Charles Aquino



TESTAMENTO DO CAPITÃO AMARO DA COSTA GUIMARÃES

1816

Traslado do Testamento do Capitão Amaro da Costa Guimaraens
In nomine Domine= Eu Amaro da Costa Guimaraens estando em meu perfeito juizo e entendimento por me achar de mais idade e gravemente enfermo fasso este meu Testamento e disposição de ultima e derradeira vontade da maneira e forma seguinte=Sou natural da Capella de Santo Amaro filial da Freguesia da Villa de Queluz, filho legitimo de Gerônimo da Costa Guimarães e Damiana de São José já falecidos=Sou cazado com Joaquina Antunes de Faria de cujo Matrimônio temos tido filhos e filhas a saber: Manoel= Amaro= João= Camilo=Elias=Anna=Silvéria=Theodora e Maria, os quais todos instituo por meus legítimos e universais herdeiros de todos os meus bens depois de pagar as minhas dividas e satisfeitos os meus legados e disposiçoens= Nomeio por meus Testamenteiros em primeiro lugar a dita minha mulher Joaquina Antunes de Faria, em segundo a meu filho Manoel e em terseiro a meu filho Amaro, aos quais por serviço de Deus e por me fazerem favor rogo queirão ser meus Testamenteiros benfeitores e administradores de meus bens para satisfazerem minhas disposiçoens para o que os aprovo e hei por abonados e para dar conta de minha testamentária lhes permito o tempo de dois annos em premio de seu trabalho lhes deixo trinta mil reis= Declaro que sou indigno irmão de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Villa Rica e da Terra Santa as quais meu Testamenteiro pagará qual.... [foto cortou última linha] do Campo de que tão bem sou irmão= Declaro que meu corpo será emvolto no Habito de Nossa senhora do Monte do Carmo e sepultado na Matriz de Nossa Senhora das Dores desta Freguesia donde sou morador acompanhado pello meu Reverendo Parocho e mais sacerdotes que se acharem presentes, que todos me dirão missas de corpo prezente de esmolla de mil e duzentos reis= Declaro que minha testamenteira mandará dizer cincoenta missas pella minha Alma de esmolla de seis centos reis assim mais dês missas pella Alma de meus Pais e mais outras des por Alma de meus parentes e todas as pessoas a quem eu houvesse de causar o mais pequeno prejuízo- cinco pella Alma de meus escravos e cinco pella s Almas do Purgatório todas de esmolla de seis centos reis= Declaro que depois de satisfeitas estas disposiçoens e outras esmollas que fasso a custa de minha Tersa, qualquer coiza que sobre da mesma Tersa deixo para minhas duas filhas solteiras que são Silveria e Maria= Declaro que tendo cazado duas filhas Anna e Theodora, quando cazei Anna dei a seu marido da Fazenda onde mora chamada Palhano assim mais quatro escravos a saber duas criollas, hum moleque e hum criollo ao quais serão avaliados por aquillo que pouco mais ou menos valerião quando lhes entreguei assim como a metade da Fazenda para com esta quantia entrar quando quiser .................. legitima que lhes couber da minha parte assim mais hum [Foto cortou última linha]   mesma forma para se abater na sua legitima para não prejudicar aos mais herdeiros= Declaro que quando cazei a minha filha Theodora dei-lhe hum moleque, hum criollo e duas criollas, cavallo selado e enfreado, três vacas e três bois o que tudo sendo avaliado pello preço racionavel ao tempo em que dei, intrarão com a quantia em que foram avaliados na legitima que lhe houver de pertenser para não prejudicar aos demais herdeiros= Declaro que meu filho Camilo se retirou de minha casa com quatro bestas minhas que mandei para comprar o necessário e nunca mais voltou cujas bestas valião o seguinte: huma trinta mil reis, outra vinte quatro outra desanove mil e duzentos digo e quatro outra vinte e quatro outra desanove mil e duzentos, huma egua por oito mil reis- tudo arriado, assim  mais hum moleque que comprei por duzentos e oitenta mil reis, um criollo que bem valeduzentos mil reis assim mais quatro capados e quatro oitavas em dinheiro, os porcos valerião ao tempo em que os levou a três mil reis cada hum assim mais desasseis capados que valião a três mil reis cada hum e onze dúzias de queijo que valerião a nove mil e novecentos reis= Declaro que os capados forão trese e não desasseis como antes dito e porque todas as coizas estão declaradas com seus preços, deverá elle entrar com as referidas quantias naquella parte que lhe houve de pertenser na sua legitima por não deverem prejudicar huns e outros, uma vez que todos são filhos= Declaro que entrará mais o dito Camilo com nove mil e seis centos reis que por elle paquei a Manoel Correia= Declaro que [Foto cortou ùltima linha] meu filho Amaro ........ Fazenda de Santa Fé, vinte e quatro de Mayo de mil oito centos e desasseis  Amaro da Costa Guimarães como testemunha que este fis a rogo do sobredito e vi assignar, o Padre Francisco de Paula e Silva 

Aprovação= Saibão quantos este publico instrumento de aprovação de Testamento se declarou codicilio ultima e derradeira vontade ou como em Direito melhor lugar haja virem que sendo no aAnno de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos digo Christo de hum mil oito centos e desasseis aos vinte e seis dias do mes de Mayo do dito anno nesta Fazenda de Santa Fé e Aplicação da Matriz de Nossa Senhora das Dores Comarca de Manga Bispado de Pernambuco porem Termo da Villa de Pitangui e tão bem Comarca do Rio das Velhas do Sabará em cazas de morada do Capitão Amaro da Costa Guimaraens sendo eu Tabellião ao diante nomeado fui vindo e sendo ahi achei o dito Capitão Amaro da Costa Guimaraens em huma cama doente mas em seu juízo perfeito segundo as respostas que me deu as perguntas que lhe fis o qual reconheço pelo próprio de que trato e dou fé e pella sua mão me foi dado, aliás foi entregue este papel em presença das testemunhas ao diante nomeadas e assignadas dizendo-me que hera o seu solemne testamento e ultima e derradeira vontade o qual havia mandado escrever pello Padre Francisco de Paula e Silva e que depois de escrito lhe foi lido e pello achar conforme sua vontade o assignou com sua letra e firma e o dito Padre como testemunha que fes e o viu assignar e que por elle revogava outro qualquer que antes [Foto cortou a última linha] lhe aprovasse tanto quanto eu podia e hera obrigado por bem do officio de mim Tabellião, e que elle de sua parte o havia aprovado o qual testamento correndo pellos olhos o achei sem vicio borrados ou entrelinhas ou coiza que duvida fassa e o numerei e rubriquei com minha rubrica que diz “Faria” e o aprovei tanto que auctuar em Direito posso e sou obrigado por bem do officio de mim Tabellião cujo Testamento se acha escrito em três e meia folhas de papel na ultima na primeira lauda findo e assignou e dei principio a esta aprovação e me assigno o dito Testador presente e as testemunhas Manoel Correia de Sousa, José Sousa Fernandes, Antônio Sousa Camargos, José Joaquim Correia e Manoel Ferreira da Cunha todos moradores nesta Freguesia de Nossa Senhora das Dores e reconhecidos de mim Tabellião Francisco José de Faria que o aprovei a assignei em publico e raso em testemunho da verdade estava o lugar do signal publico – Francisco José de Faria –
Amaro da Costa Guimarães – Manoel Ferreira da Cunha – Manoel Correia de Sousa – José Joaquim Correia – José Sousa Fernandes.

Cotta= Testamento do Capitão Amaro da Costa Guimarães feito pello Padre Francisco de Paula e Silva e aprovado por mim Tabellião abaixo assignado cosido com cinco pontos de retroz azul ferrete outros tantos pingos de lacre encarnado por banda numerado e rubricado por mim Tabellião – Fazenda de Santa Fé, vinte e seis de Mayo de hum mil e oito centos e desasseis – Francisco José de Faria [Foto cortou parte da Abertura]

Freguesia de Nossa Senhora das Dores da Boa Vista do Indaiá=Certifico que em primeiro de setembro de hum mil e oito centos e desasseis faleceu da vida presente o Capitão Amaro da Costa Guimaraens com seu testamento solemne que me foi aprezentado fechado na forma do Estillo e o abri para ver e seguir as disposiçoens de seu funeral e o achei sem entrelinhas vicio borrão ou couiza que duvida fassa o que juro aos Santos Evangelhos. Dores, primeiro de septembro de hum mil oito centos e desasseis, Henrique Brandão de Macedo, vigário
Cumpra-se e registe-se. Dores, primeiro de setembro de hum mil oito centos e desasseis-Brandão-

Aceitação= Aceito este testamento e me obrigo dar em tudo cumprimento ao determinado nelle pello Testador meu maridoDores, sete de septembro de hum mil oito centos e desasseis Joaquina Antunes de Faria
Sello= Pagou de sello cento e setenta reis

Carregado no Livro 2º a Folha 69
Guimarens = Moreira
Registo= Registado a Folha 47 verso até Folha 49 verso do Livro 3º de Registo de Testamentos que actuamente serve nesta Subprovedoria – importou rasa Rubrica sello cento e dois mil e setenta reis.

Villa de Pitangui, quatorse de septembro de hum mil e oito centos e desasseis Caldeira- Nada mais continha o mencionado Testamento e sua aprovação.
Certidão - Cumpra-se – Aceitação – Sello e Registo que tudo eu escrivão ao diante nomeado e assignado o que bem fielmente fis passar o presente traslado por pessoa de minha confidência [Foto cortou última linha]

E achar em tudo conforme os próprios de que faz menção. Em fé do que subscrevi, cumpri e assignei, nesta Villa de Nossa Senhora da Piedade do Pitangui em o dia nove de Dezembro do Anno de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos e desasseis,
Eu, Ignácio Joaquim da Cunha. Escrivão dos Orphãos que o subscrevi e o conferi e assigno 
   (Ass.) Ignácio Joaquim da Cunha


Paleografado por Aureo Nogueira da Silveira
Digitado por Alan Penido 

Setembro 2008 
Postado há 30th April por Charles Aquino



TESTAMENTO DE JOAQUINA ANTUNES FARIA

1818


In nomine Domini: Amen
Saibão quantos este instrumento virem, que no anno de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e dezoito, aos sette dias de oitubro do dito anno, nesta Villa de Nossa Senhora do Pilar do Pitangui, Comarca do Rio das Velhas, eu D. Joaquina Antunes Faria, estando de saúde, em meo perfeito juízo e intendimento, querendo-me dispor para o que Deos for servido faço o meu testamento e disposiçoens da minha última vontade na forma seguinte. Primeiramente encomendo minha Alma a Deos que a criou, ...... ...................ta de sua morte e Paixão; e em quem creio, em quem espero, e a quem amo sobretudo.
Declaro que sou natural desta Freguesia de Pitangui, e filha legítima do Tenente João Pinto Coelho e de D. Maria de S. José Sarzedas, e que fui casada com o Capitão Amaro da Costa Guimaraens, de cujo Matrimônio tenho nove filhos, a saber Manoel, Amaro, João, Camilo, Elias, Anna, Silvéria, Theodora e Maria, aos quais nomeio e instituo meos herdr\os.
            Peço em primeiro lugar a minha filha Silvéria, em segundo a meo genro Manoel Antônio de Almeida, e em terceiro a meo filho João Antunes Faria queirão ser meos tr\os.
            Ordeno que por meo falecimento meus ttr\os facão meo funeral como bem lhes parecer, sem q.\e sejão obrigados nesta parte dar conta do pouco ou muito que fizerem.
            Ordeno que minha ttr\a ou ttr\o mande dizer quarenta Missas pela minha Alma.
            Deixo forro meo escravo Eufrázio pardo de idade de quatro annos pouco mais ou menos; ordeno que se lhe dem vinte mil reis para aprender a ler ou algum officio; He minha vontade que tome conta destes vinte mil réis o dito meo genro, p\a digo, genro Manoel Antônio para os dispender com elle no d\o ensino de ler, ou dalgum officio.
            Deixo de esmola vinte mil réis a Maria filha de Manoel de Sousa e de Felippa de tal, já falecidos, que se achaem minha Companhia; e outros vinte mil réis a Joaquima irmã da mesma, que também se acha em minha Companhia.
            Ordeno se mandem dizer dez Missas pelos meos benfeitores vivos e defuntos.
            Deixo os remanescentes de minha Terça às minhas filhas Silvéria e Maria, e he minha vontade que nestes remanescentes fiquem p\a Silvéria, Filippe pardo de id\e de sette annos pouco mais ou menos, e Sebastiana parda de idade de onze annos com pouca diferença; e para Maria, Lúcio pardo de idade doze annos pouco mais ou menos.
            E pos esta forma, digo: Deixo trinta mil réis de premio a minha ttr\a ou ttr\o q\e aceitar esta Testamentária pelo seo trabalho; e quatro annos p\a dar contas.
E por esta forma hei por findo este meo tt\o e disposiçoens da minha ultima vontade; e se lhe faltar alguma clausula ou clausulas em ... necessarias, hás hei por expressadas; e peço as justiças de S. Mag\e Fidelíssima lhe de inteiro vigor e cumprimento o qual foi escrito a meo rogo pelo P\e José Rodrigues braga e somente por mim assignado
Dia e ..... supra.
                                                 Joaquina Antunes Faria
              Eu q\e este fiz a rogo
                                              O P\e José Rodrigues Braga   

Diz D. Joaquina Antunes Faria, viúva q. ficou do Capam   
Amaro Costa Guim\es, que Ella quer dar a carga de inventário por este Juizo dos Orfãos os bens q. ficaram por falecimento do d\o seo marido, e como he moradora distante desta Villa alguma dezoito legoas e alem do Rio de S. Fran\co, quer que avaliação se faça por louvados da paragem, não só p\a se evitar custas , como pello conhecim\to q. estes tem dos bens e pella sua parte nomeia o ...Mor Caetano José Alves Ruas e a João da Costa Marques, para hum destes ser approvado pellos herdeiros de maior de 25 annos, e por elles nomeado outro p\a tão bem ser approvado não só pella Suppt\e como por parte do Juízo, por haver hum herdr\o auzente e outro desacizado a q\m competentem\te se lhe dará Curador p\a tão bem responder, e feita que seja avaliação o Escrivão proceda na discripção do inventario.    



JUSTIFICAÇÃO COM INVENTÁRIO DO CAP. AMARO

1816

D. Joaquina Antunes se Faria viúva do Cap. Amaro da Costa Guimarães     A Justificante

O Alferes Gonçalo Antônio do Amarante, curador do louco=Elias=filho do do Capitam          Justificado

Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e dezesseis aos vinte dous dias do mês de Novembro nesta Villa de Nossa Senhora da Piedade do Pitangui, comarca do Rio das Mortes em o meo cartório dos orphans e sendo ahi por parte de Dona Joaquina Antunes de Faria me foi entregue huma sua petição ............................................... Capitão João Rodrigues Carvalho, Juiz ordinário.....................................................................
Alferes Gonçalo Antônio Amarante ...................................................................... incapacidade do seo filho Elias, filho do falecido Capitão Amaro da Costa Guimarães e ......
................................... aceitasse......................................... testemunhas e por isso..................
............................................................................ escrivão dos orphans que se 



Declaração de Herdeiros

Declarou ella inventariante que os herdeiros que ha e ficaram por fallecimento de seo marido sam os seguintes:

Manoel casado
Amaro casado
34----- João solteiro de idade de trinta e quatro annos
28----- Camillo de idade de 28 annos-auzente
26----- Elias de idade de 26 anos-desacizado
            Anna casada com Manoel Antônio Almeida
25----- Silveria solteira de idade de vinte cinco annos
            Theodora casada com Antônio Pereira Lima
21----- Maria solteira com vinte cinco annos

Os quais são os únicos herdeiros que haviam ficado .... ..... legitimo                     matrimônio della  inventariante assima


Descriçam de Bens

Declarou ella inventariante que os bens que lhe ficaram por fallecimento de seo marido ... os seguintes


Paleografado por Aureo Nogueira da Silveira
Digitado por Alan Penido  
Postado há 30th April por Charles Aquino


TESTAMENTO DE MANUEL CORRÊA DE SOUZA

Transcrito por Carlos Cunha Corrêa, em “Serra da Saudade”, 1948, p.173-5.

"Em nome de Deus, Amém. Digo eu Manuel Corrêa de Souza, morador na minha fazenda do Ribeirão dos Patos, freguesia de Nossa Senhora das Dores, Termo da Vila de Pitangui, que estando são e no meu perfeito juízo e entendimento, determino este meu testamento para disposição de minha fazenda e última vontade. Declaro que sou natural de Freguesia de Santana de Lavras do Funil, Bispado de Mariana, filho legítimo de José Corrêa de Arzam, já falecido, e de Francisca de Souza. Declaro que sou casado com Maria Andreza de Jesus, de cujo matrimônio tenho seis filhos, a saber: João, Antônio, Luiz, Manuel, Teresa e Ana. Todos estes meus legítimos herdeiros igualmente a parte de bens que por meu falecimento tocam à minha meação e assim mais uma neta de nome Rosa, filha legítima de minha filha Mariana, cuja foi casada com Tomaz de Aquino Rodrigues, declaro que disponho da minha terça pela forma seguinte: Ordeno que meu corpo seja envolto em um hábito preto conforme a religião de São Francisco e sepultado dentro da Matriz acompanhado pelo párocho ou outro qualquer sacerdote, o qual me dirá uma missa de Corpo presente e lhe dará de esmola um mil e duzentos réis. Ordeno ao meu testamenteiro que dê de esmola para as obras desta Matriz das Dores quarenta mil réis. Declaro que nasceram três filhos da minha escrava Vicência, cujos pardos, por nomes Inocêncio, Antônia e Joaquim, os quais libertei na ação dos batismos e no mesmo assento me assinei e portanto ratificando o hei por libertos do cativeiro. Declaro que deixo forras as minhas escravas a saber Isabel, preta, Benguela e Madalena, parda, e também deixo forra Inácia, parda, cuja filha da dita Madalena e assim mais liberto o meu escravo Miguel Benguela, todas estas minhas disposições cabendo nas forças da minha terça. Declaro que meu testamenteiro dará vinte e dous mil réis que devo à minha filha Teresa, mulher de João Pinto e assim mais dará o meu testamenteiro de esmola a Inocêncio pardo, cem mil réis, à Antônia cem mil réis, a Joaquim cem mil réis, cujos pardos; e assim mais dará duzentos mil réis à Inácia, filha da dita Madalena. No caso de não chegar a minha terça para cumprimento de minhas disposições, entrarão em rateio em igual parte a fim de gozarem suas liberdades e caso falte correndo três anos para satisfazerem o que não couber nas forças da minha terça. Instituo por meus testamenteiros em primeiro lugar a meu filho João Corrêa de Sousa, em segundo lugar a meu genro João Pinto de Andrade e em terceiro lugar a meu genro Antônio Corrêa de Souza, àquele que aceitar esta minha testamentaria deixo o prêmio de 100$000 e lhe ordeno o termo de dois anos para dar uma só conta. Este é o meu testamento e disposição de minha última vontade e quero que se cumpra como nele ordeno e vai escrito a meu rogo por Antônio Martins de Souza e por mim somente assinado aos vinte e dois do mês de outubro de mil oitocentos e trinta e dous. Manuel Corrêa de Sousa. Como testemunha que este fiz e vi assinar Antônio Martins de Sousa”.




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